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NÃO É SÓ UMA ESTAMPA.
 

Neste blog, tudo gira em torno do que se imprime — na superfície e no olhar.

Do ornamento ancestral às estratégias visuais das marcas de moda da atualidade, cada post é um convite a enxergar além do óbvio.

Porque estampa, quando bem pensada, é muito mais do que estética: é cultura que se perpetua na superfície. É discurso visual com cores, alma e intenção estética. É estratégia para marcas que sabem o valor de comunicar com identidade.

Se a estampa também faz seu coração bater mais forte, vem comigo: esse blog foi feito pra você.

Navegue, explore e se permita ver além.

  • Writer: Caru Valverde
    Caru Valverde
  • 2 days ago
  • 2 min read

Ele já foi símbolo de poder, expressão espiritual, rebeldia estética — e, sim, também foi chamado de "excesso" por quem não soube enxergar sua força. Mas o fato é: o ornamento nunca saiu de cena. Da cerâmica neolítica às passarelas contemporâneas, ele sobrevive, se reinventa e continua carregando significados que vão muito além da beleza.



Mas antes de tudo, vale perguntar: o que é ornamento?


Ornamento é qualquer elemento visual criado com a intenção de embelezar, destacar ou comunicar algo — sem necessariamente ter uma função prática. Ele pode ser gráfico, têxtil, arquitetônico, simbólico. Pode estar numa parede barroca ou na estampa do seu biquíni. Mas uma coisa é certa: ele nunca é só enfeite.



Ornamento é linguagem visual. É a forma que encontramos para contar histórias sem precisar de palavras. É cultura impressa na superfície: nas roupas, nos objetos, nas paredes. Mais do que isso: é uma das ferramentas mais antigas de comunicação da humanidade. Antes da escrita, ele já nos contava sobre rituais, hierarquias, afetos e crenças.


Sem ele, muito da história dos povos e civilizações teria se perdido — ou sequer poderia ser contada. Cada detalhe em um objeto diz algo sobre a época, a sociedade e sobre quem o criou ou usou.



Durante o modernismo, ele foi condenado — a crítica mais famosa veio do arquiteto austríaco Adolf Loos, que em 1908 escreveu o ensaio "Ornamento e Crime". Nesse texto provocador, Loos argumentava que o uso de ornamentos era um sinal de atraso cultural. Para ele, a verdadeira evolução da humanidade se dava pela racionalidade e funcionalidade — e o excesso decorativo seria um resquício de eras primitivas, algo a ser superado. Essa visão, que associava simplicidade à civilização e ornamento à barbárie, moldou os ideais do design modernista e influenciou diretamente o surgimento do movimento minimalista como conhecemos hoje.



Mas nem isso foi capaz de silenciar sua potência. No fundo, o mundo sempre foi mais ornamental do que minimalista (Fala aí, Deus?). A diferença é que hoje a gente questiona cada vez mais esse suposto "avanço" estético do minimalismo — e começa, aos poucos, a valorizar com mais consciência tudo aquilo que carrega história, camadas e expressão.


Se você trabalha com design, moda ou criação de produto, entender o valor simbólico do ornamento é enxergar além da beleza. É acessar camadas de memória, identidade e desejo. É saber usar o detalhe como narrativa — e não só como decoração.


O ornamento está nas tramas da história e nas estratégias visuais das marcas mais vanguardistas do mundo. E se você acha que ele é coisa do passado... bom, talvez esteja olhando superficialmente.

O ornamento é o elo entre a memória ancestral e o desejo de inovação. Através dele, traduzimos emoções, ideias e valores em forma visual — e isso se perpetua. Porque ornamento é também projeção: fala de quem fomos, de quem somos e do que ainda queremos ser.

 
 
 

E como as estampas podem ser aliadas nessa construção


Tendências não são regras, elas são pontos de partida. E o mais interessante da moda é quando a gente adapta o que está em alta ao que faz sentido pra gente.


O boho, que voltou com tudo, é uma dessas tendências — e ele tem mil possibilidades, principalmente no universo das estampas.



O que aprendemos observando marcas como Chloé, Zimmermann, Ulla Johnson e Isabel Marant é que o boho pode ser autêntico e incrivelmente versátil. Cada uma dessas marcas incorpora a estética boho de maneira única, misturando com outros estilos, materiais e principalmente com escolhas inteligentes de padronagens. Estampas que vão do floral poético ao geométrico tribal, do barroco dramático ao étnico artesanal.


Chloé, Zimmerman, Ulla Johnson e Isabel Marant.
Chloé, Zimmerman, Ulla Johnson e Isabel Marant.

A boa notícia: você também pode fazer isso com peças acessíveis e com o que já tem no guarda-roupa — basta ter um olhar treinado e entender o que cada elemento comunica.


Repertório visual: o segredo da criatividade nos looks


Pra montar combinações criativas e cheias de personalidade, ter repertório visual é fundamental.


Quando a gente observa referências com atenção — seja em desfiles, redes sociais, editoriais ou até nas ruas — nosso olhar vai se apurando. E quanto mais observamos, mais nos sentimos livres pra experimentar.



Um olhar treinado ajuda a identificar o que nos atrai e por quê. É o que te dá coragem de misturar uma estampa com outra, testar um shape diferente ou inserir uma peça inusitada no look. Por isso, consuma conteúdo de moda com curiosidade e com uma visão crítica: pense em como cada referência pode conversar com o seu estilo.


Leveza e romantismo: boho fluido e delicado


Se você gosta de transmitir suavidade, invista em tecidos fluidos como viscose, seda e crepe.


As estampas aqui são fundamentais para comunicar esse romantismo: florais delicados, tons pastel, aquarelados, rendas e arabescos sutis.



Vestidos com cintura marcada, saias amplas e mangas bufantes reforçam essa estética.


A Farm e a Antix são ótimos lugares para encontrar essas peças. Nos acessórios, escolha metais finos, sandálias rasteiras e bolsas com acabamentos artesanais.


Impacto e contraste: boho contemporâneo com pegada urbana


Quer trazer um toque mais moderno e sexy ao boho?


O contraste é o caminho.

Misture peças delicadas com outras mais estruturadas: vestidos estampados com jaquetas de couro, saias fluidas com botas pesadas, ou jeans de cintura alta com blusas bordadas.



Aqui, as estampas ganham força: padrões gráficos, étnicos ou animal print (leopardo e cobra são os queridinhos). Tecidos como jeans, couro, linho rústico e sarja criam peso e presença.


Marcas como Zara, Renner, Amaro e Lez a Lez oferecem boas opções — mas tem que garimpar!


Textura e autenticidade: o boho artesanal


Se você ama um visual mais natural, com toque manual, invista em tecidos como algodão cru, linho e tramas como crochê e tricô.


As estampas aqui valorizam a imperfeição e o feito à mão: blockprint, tie dye e padrões inspirados em técnicas ancestrais.



Combine com franjas, bordados, patchworks, modelagens amplas e cores terrosas. Colares de pedras, pulseiras de madeira e calçados com acabamento rústico completam esse visual cheio de autenticidade.


Cantão, Aflora e marcas artesanais são ótimos caminhos.


Presença e sofisticação: o boho mais dramático


Inspirado na força visual de marcas como Zimmermann, esse boho aposta em volumes, tecidos nobres e estampas impactantes.


Pense em tafetá, seda pesada ou linho encorpado. Estampas florais intensas, arabescos, padronagens barrocas e mix de texturas criam um visual com personalidade.



Use com saltos, maxi brincos, cintos com fivelas elaboradas e bolsas estruturadas.


Amaro (em coleções especiais), Farm Rio (a linha internacional da Farm) e Lez a Lez têm boas opções para esse estilo mais elegante.


E se quiser misturar tudo isso... tá tudo certo!


No fim, o mais importante é lembrar que não existe uma fórmula única de estilo. Você pode (e deve!) brincar com as tendências, usar as estampas como linguagem e construir looks que tenham a ver com a sua essência.



Use as tendências como ferramentas, nunca como limite — e seja feliz!



Quer mais dicas de como usar estampas no seu estilo pessoal? Me acompanhe no Instagram para referências reais, acessíveis e com personalidade.

 
 
 

O estilo boho nasceu do espírito livre das décadas de 60 e 70. Cheio de movimento, texturas e uma estética que valoriza o natural e o espontâneo, o estilo evoluiu com o tempo conquistando também o universo do luxo.


Marcas consolidadas transformam a estética em mais do que uma influência passageira, fazendo do estilo parte central de sua identidade.


Ao misturar a leveza do Boho com traços de outros estilos como o romantismo, o folk e até o minimalismo, essas grifes criam uma estética única e autêntica. Tecidos sofisticados, modelagens marcantes, acabamentos artesanais e uma estamparia que conta histórias são os elementos que ajudam a transformar a tendência do momento em algo exclusivo, reconhecível e totalmente alinhado ao DNA de cada uma delas.


Vamos conhecer as grifes que reinterpretaram o estilo à sua maneira, com sofisticação e estéticas que se tornaram suas marcas registradas?


1. Chloé – Boho Romântico com toque Sofisticado


Origem: Fundada em 1952 por Gaby Aghion, no auge da Paris pós-guerra, a Chloé nasceu com a proposta de oferecer moda de luxo mais leve e jovem — um conceito revolucionário para a época.


Boho como assinatura: Sob o comando de estilistas como Karl Lagerfeld nos anos 70 e Clare Waight Keller mais tarde, a marca foi moldando um boho elegante e sofisticado. Vestidos esvoaçantes e longos, tecidos translucidos, batas bordadas, camurça em cores claras, sandálias de tiras e franjas definiram a mulher Chloé: livre, romântica e com um charme effortless.



Estamparia como identidade: A grife costuma usar estampas delicadas, florais com ar vintage e motivos inspirados na natureza em tons suaves — tudo isso com um acabamento que parece quase desbotado pelo sol, trazendo ainda mais romantismo e naturalidade às peças. A estampa aqui nunca é gritante, mas parte da construção poética do look.




Destaque: É a marca que trouxe o espírito hippie para os desfiles de alta costura, sem perder o refinamento francês.


2. Zimmermann – Boho Glam com Romantismo Tropical


Origem: Criada pelas irmãs Nicky e Simone Zimmermann em Sydney, nos anos 90, a marca começou com moda praia e evoluiu para o prêt-à-porter com forte apelo feminino e artístico.


Boho como assinatura: A marca mistura a liberdade do lifestyle australiano com a sofisticação da alfaiataria europeia. Os babados arquitetônicos, tecidos fluidos, estampas botânicas e silhuetas vintage construíram um boho que é, ao mesmo tempo, romântico, dramático e sensual, ideal para ocasiões especiais e editoriais.



Estamparia como identidade: Zimmermann é intensamente visual. Suas estampas são grandes, exuberantes, frequentemente florais ou botânicas, com uma paleta que vai do pastel ao vibrante. O mix de cores, formas e escalas cria composições artísticas e maximalistas que são verdadeiros quadros vivos. A estampa é parte central das peças e ressalta o DNA Australiano e praiano da marca.



Destaque: É o boho para quem quer presença e sofisticação — perfeito para festas ao ar livre, casamentos e editoriais de moda.


3. Ulla Johnson – Boho Artesanal e Multicultural


Origem: Nascida e criada em Nova York, filha de pais antropólogos, Ulla Johnson fundou sua marca no início dos anos 2000 inspirada por culturas globais e técnicas artesanais.


Boho como assinatura: Ulla construiu um boho profundamente conectado ao artesanal: crochês feitos à mão, técnicas de tingimento naturais, bordados étnicos e tecidos crus. As silhuetas são amplas e orgânicas, sempre trazendo uma sofisticação descomplicada.



Estamparia como identidade: Ulla Johnson valoriza a estamparia como expressão cultural. Utiliza padrões étnicos, florais estilizados e motivos orgânicos muitas vezes inspirados em viagens a países como Peru, Índia e Japão. Suas estampas geralmente têm aspecto artesanal, com imperfeições propositalmente visíveis, reforçando a conexão com o feito à mão.



Destaque: É uma marca que respeita o tempo da criação e dá protagonismo ao feito à mão — um boho com propósito, elegância e conexão com a ancestralidade.


4. Isabel Marant – Boho Rocker, Sexy e Moderno


Origem: A marca fundada em 1994, uniu o street style parisiense com referências étnicas e esportivas para criar um visual contemporâneo com alma boêmia e rebelde. Sua visão sempre foi a da mulher cool, descomplicada e segura de si.


Boho como assinatura: Franjas, botas western, casacos folk e peças com cortes retrô convivem com jeans, camisetas e jaquetas de couro. Marant reinventou o boho com pegada rock’n’roll e espírito urbano e moderno.



Estamparia como identidade: Isabel Marant usa estamparia de forma sutil e gráfica. Trabalha com padrões tribais reinterpretados, geométricos, ou florais pequenos e monocromáticos. As estampas aqui têm uma função mais de textura e movimento do que de protagonismo, reforçando o visual effortless e cool que é marca registrada da estilista.



Destaque: É a cara da parisiense moderna: ousada sem esforço, boêmia sem ser caricata. Ela criou o boho para quem troca festivais por ruas movimentadas e ainda assim mantém o espírito livre.



Essas marcas não seguiram o boho — elas o transformaram. Em vez de repetir fórmulas, criaram caminhos próprios, onde estampa, modelagem e acabamento constroem identidade. O resultado é um estilo vivo, que se reinventa sem perder sua liberdade.


Quer ver como adaptar esse olhar para a sua marca ou estilo pessoal? Vem comigo nos próximos posts.

 
 
 

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